Categoria: Uncategorized

  • Dos Comos e Porquês

    ou Subtítulo

    A trilha sonora de hoje é Cristo Redentor, do disco A New Perspective do Donald Byrd

    Quem, o que, quando, onde, por que: essas são as cinco perguntas básicas que podemos fazer sobre tudo que existe no mundo e na nossa experiência do mundo.
    Todas outras perguntas são alguma complicação, permutação ou desdobramento dessas cinco perguntas fundamentais. Tudo volta a elas.

    O “quem” diz respeito a um sujeito, um indivíduo.
    O “o que” diz respeito a um fato, um acontecimento.
    O “quando” diz respeito a um momento, um lugar no tempo.
    O “onde” diz respeito a um local, um ponto ou região no espaço.
    O “porquê” diz respeito a um motivo, uma razão que explica ou justifica algo.

    Essa última, porém, se destaca. E recebe de mim hoje a atenção que a dou nesse texto.
    Por que muito humanos são os Porquês.
    Cada dia tenho mais convicção disso.
    Vamos lá, vou explicar o porquê.

    Vivemos em busca de motivos, de porquês. Em tudo.
    Por que a maçã cai da árvore, por que o mar empurra as ondas até a praia, por que somos como somos, por que queremos o que queremos, por que gostamos do que gostamos, por que nascemos, por que morremos… Por quê há algo e não o nada?

    Há algo essencialmente humano no por que.
    O pássaro não se pergunta por que o sol nasce, por que ele precisa se esconder, por que canta ou por que precisa de água para viver.
    O Por Que deve nascer de nossa necessidade de achar motivos, razões para tudo que acontece.
    Tanto em nosso redor, quanto dentro de nós.
    E essas duas perspectivas produzem respostas categorialmente distintas. Existe uma diferença de propriedade muito estranha entre essas duas perspectivas.

    Note: sempre que você pede o porquê de algo da natureza, você não recebe respostas senão explicações. É como perguntar um por que e sempre receber um como.

    Se você pergunta por que a maçã cai da árvore, sua resposta vai ser “por causa da gravidade”. E então você pergunta o por quê da gravidade, e recebe como resposta algo como “por que a Terra tem uma massa tão grande que distorce o tecido espaço-tempo, gerando na pequena maçã uma força direcionada ao centro da Terra e então quando a maçã se desgruda da árvore e deixa de estar suportada pelos seus galhos, ela cede a essa força que a puxa até o chão” e você pergunta por que a massa da Terra distorce o espaço e recebe como resposta algo falando sobre força forte e força fraca e você pergunta o por quê delas e logo você alcança o limite do conhecimento humano sem conseguir seu “porque”, só um punhado de “comos”, umas descrições do “o que”. As perguntas vão perdendo seu sentido conforme esse processo se repete.

    Logo você percebe que a natureza parece indiferente a nossos por quês.

    Talvez haja razão para as coisas serem como são, mas essa razão está em um plano fora do alcançável pela nossa consciência humana tão recente.
    Ou como diz um poema Zen com que me deparei esses dias: “Se você perguntar de onde vem as flores, mesmo o deus da primavera não saberia responder”.

    Talvez o Cosmos não precise de uma razão para ser como é, apenas é.
    E talvez também esse seja o limite fundamental da ciência. E talvez nele more a origem da espiritualidade e da filosofia. Por que temos dentro de nós essa necessidade irreparável de perguntar por quês, a um ponto fora dos limites da ciência e da razão.
    Se o Big Bang, um fenômeno aparentemente incompreensível, marca o início do Universo, o que havia antes do Big Bang? E o que havia antes de haver o tempo? E o que havia antes de haver o haver?

    Como o conceito de potencial, ou de probabilidade. Nós não vivemos e não temos acesso a esses planos. Nós só experienciamos uma materialização de uma das possibilidades: o que acontece. Podemos estudar o comportamento dos outros não-acontecimentos e saber dizer com exatidão qual a chance de ocorrerem, mas não conseguimos saber o que é esse estado de não-ocorrência.

    As perguntas param de fazer sentido nesse ponto.
    Na falta de ferramental que toque essas questões, nos voltamos para dentro.

    Por que por outro lado, quando perguntamos o porquê de algo interno, nosso ou de outro, tudo se torna mais palpável. As respostas dos porquês são de fato por quês e não comos.
    Se eu pergunto por quê você está se sentindo ansioso ou angustiado, você vai me responder com um por que e não com com um como. Ou se eu perguntar por que você está feliz e alegre, a resposta também é um porquê. Você pode não saber elaborar muito, ou até mesmo só dizer “Não sei, só estou”, e isso é um porquê e não um como.

    Claro, você pode tornar novamente ao buraco de coelho de dizer que seu cérebro, os neurotransmissores e blá blá blá, mas aí você retornou ao como. O como do porquê.

    Os por quês “verdadeiros”, por falta de uma palavra melhor, parecem de alguma forma estar intimamente ligados com a experiência da consciência, de ser um “ser” no Universo.

    O Por Que começa e termina na consciência. Não parecem haver Por Quês fora da consciência.
    Fora dela, a linguagem falha, a lógica falha, a razão falha, e até a matemática falha.

    A espiritualidade parece se colocar como uma forma muito individual de se relacionar com esse mistério. Relacionamento esse que nasce intimamente ligado à experiência e contato do indivíduo com esse “todo” misterioso. E logo a espiritualidade não pode ser contestada, se não questionada. Pois contestá-la exige que haja pelo menos a possibilidade, o potencial de se saber o que de fato é, e isso não parece existir.

    A religião, nessa linha de pensamento, poderia ser vista como a “ciência da espiritualidade”, no sentido de que oferece um modelo para a compreensão do Mistério. Coletivizando a experiência e apresentando respostas diretas aos por quês. Logo, essa sim pode ser contestada pois determina a a condensação de múltiplas experiências individuais a uma única resposta pré-concebida, direcionando a interação do sujeito com o Mistério a uma única experiência, o privando do dom da agência.

    Isso não é exatamente uma crítica as religiões, se não um apontamento de que a vida e sua experiência é auto referenciada e auto determinada, não cabendo em um potinho pré-concebido. Por que no fim do dia, a espiritualidade acaba sendo sobre expansão/união enquanto religião acaba sendo sobre limitação/divisão.

    Desde minha adolescência venho batalhando contra uma depressão que assumiu várias formas e se mostrou multifacetada, mas que sempre surgiu e ressurgiu dessa pergunta fundamental: “Por Que?”, e de sucessivas tentativas de usar da lógica para encontrar respostas que talvez não sigam as regras da lógica. Hoje sou grato a ela, pois me colocou em um caminho que me possibilitou uma conexão íntima com o Mistério, ao meu jeito, e me fez ver que essa pergunta deve ser usada com cuidado, cabendo apenas a certos domínios.

    Acredito e vejo que o “mal uso” dessa pergunta seja fonte de muitas dores que experenciamos na vida. Torço para que esse texto alivie algumas delas no leitor, mesmo que a longuíssimo prazo.

  • Quando nossa pele não nos serve mais

    ou Das Metamorfoses e Renascimentos

    A trilha sonora de hoje é Nem um Talvez, uma composição do Hermeto Pascoal interpretada pelo Miles Davis no disco Live – Evil

    O Universo se constitui fundamentalmente em ciclos.
    Alguns mais curtos, acontecem a cada minuto, hora, dia.
    Alguns mais longos, acontecem a cada milhares, milhões ou bilhões de anos.
    Desde o sol que nasce despedindo a lua para depois se pôr a cumprimentá-la, até meteoros periódicos e períodos glaciais. Passando pelas células que se dividem e as nossas tendências de pensamento e comportamento que vêm e vão.

    Tudo samsara, ciclo infinito…

    O sol nasce, o sol se põe.
    A lua se põe, a lua nasce.
    Nós, os seres, nascemos, reproduzimos, morremos.
    A água evapora, condensa, precipita.

    Quando crianças, aprendemos a nos ver pelos olhos dos outros.
    Se a mãe apresenta medo e nervosismo, a criança se sente insegura e apresenta medo e nervosismo.
    Crescemos nos julgando pelos olhos dos outros, cada um à sua medida, e tomamos nossa imagem como sendo aquela apresentada pelo espelho.

    Em algum momento do que chamamos de adolescência, a perspectiva muda. Um dia nos olhamos no espelho e nos imaginamos com o cabelo daquele ator, a roupa daquela modelo, a pose daquele músico.
    Tomamos consciência de que aquela figura que o espelho apresenta pode mudar, em comum acordo com nossas ações.
    Então, de um dia pro outro, mudamos nosso visual, pintamos nosso cabelo, nosso jeito de andar e até de falar.

    Mudanças quase imediatas, que refletem o poder de nossas decisões.
    Mais tarde, porém, percebemos que nem tudo é assim.

    Conforme crescemos, vemos que apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos, ainda nos vemos pelos olhos dos outros. A adultez nos faz perceber em nós padrões de comportamento geracionais que parecem permanecer constantes, apesar de nossos suados esforços.

    Aquela tia que perguntava das namoradinhas dá espaço a um comportamento de fofoca impassível; aquele pai julgador dá espaço a um perfeccionismo irremediável; aquela mãe super protetora dá espaço a uma personalidade insegura.

    Compensamos. Nos escondemos de nós mesmos em crenças e comportamentos disfuncionais e difusos, redes sociais, garrafas de bebida, filmes, remédios controlados, bitucas de cigarro, séries… A lista é incontável.

    Esses dias me olhei no espelho e senti que a figura ali refletida não mais condizia com meu Eu. Ou talvez com o Eu que almejo ser. Esse momento me pôs em reflexão, motivo pelo qual escrevo essas palavras.

    A figura que via ali remetia a um outro Eu. Um Eu do passado. Com todos seus vícios e maneirismos.
    Foi quando senti que precisava parar de ouvir o que vinha de fora e sintonizar as antenas para dentro.

    “Eu preciso mudar, preciso ver um Eu que reflete quem Eu quero ser”, eu pensei. Eu sei, eu sei. Papo de doido, talvez. Mas foi então que me dei conta de que aquela não era a estreia daquele sentimento. Me dei conta de que, consciente ou não, já havia sentido e pensando aquilo tantas outras vezes que não conseguia nem enumerar.

    Afinal de contas, o que é o viver se não um constante se reinventar? Um constante deixar um Eu morrer para outro Eu poder nascer?

    “Se eu não mudar nada muda”, canetou Black Alien em 2019, a partir da perspectiva individual de mudanças e padrões repetidos ad-nauseum. “A única coisa que não muda é que tudo muda”, escreveu Heráclito de Éfeso (que também escreveu aquela frase sobre tomar banho de rio ser bom) ali pelo século V a.C, a partir da perspectiva natural de ciclos da Natureza e do constante fluir do Universo.

    Também esses dias, lendo o “O oráculo da noite” de Sidarta Ribeiro, trombei com a ideia de que essa noção de “ciclo da vida” começa a se consolidar melhor entre nossa espécie a partir do descobrimento do plantio. A noção recém adquirida de que esconder um pedaço não-vivo de planta debaixo da terra de repente o trazia de volta à vida. 

    Essa noção parece ter feito uma reviravolta braba na experiência de vida dos nossos antepassados. De repente começam a surgir rituais e crenças de vida pós morte, em todas as regiões onde se iniciou o processo de agricultura. Fortemente fundamentado nessa descoberta, de que enterrar a morte pode dar luz à vida.

    Eu acho isso lindo. É também sobre isso que escrevo aqui. Na verdade seria mais certeiro dizer que é por isso que escrevo aqui.

    Talvez a Fonte (ou o Universo, a Natureza, o Criador, o Processo, como quiser chamar) tenha sido simbolicamente bem literal quando desenhou a metamorfose: uma larva que nasce; se alimenta do ovo onde foi gestada; sai mundo afora rastejando, consumindo, sobrevivendo; acha um lugar seguro e solitário; se fecha em um casulo, fica ali dentro se debatendo por dias e só sai dali enquanto borboleta.

    Ou também quando arquitetou o processo de crescimento da cobra, que a cada tanto tempo, conforme cresce, precisa se desfazer da pele que habita para dar ares à uma nova, que melhor lhe cabe, se desfazendo dos parasitas e infecções que habitavam a agora antiga pele.

    Pra fechar essa pequena reflexão, quero dizer que talvez o Tim Maia estivesse certo quando disse, e nós rimos, “Tudo é tudo, e Nada é nada”. 

    Ou então quando disse, e nós também rimos, “O mundo só vai ficar legal depois que terminar o dinheiro, porém, que não me falte nenhum enquanto não terminar!”.

  • Por que um Blog Pessoal?

    ou Manifesto Emergente


    Você pode se perguntar o por quê de eu iniciar um blog pessoal em 2025, sendo que essa é uma mídia morta. Bem, digamos que eu não sou o fã número um de como as redes sociais funcionam e se organizam hoje. Cansei de ver bonecos de cera aparecendo na minha tela e criando a impressão de que todos são perfeitos e intocáveis, nos fazendo contar likes, comprar esse ou aquele produto, usar a calça da moda, ver o filme do momento ou arrastar pra cima pra conferir a nova base da blogueira que só pisa na rua pra entrar em um carrão.

    Não, essa não é a Internet em que eu quero estar.

    Você lembra da época dos blogs? Quando cada um tinha seu próprio espaço na Internet? Época do finado Blogspot onde colocávamos nossas músicas favoritas pra tocar no computador de todo e qualquer um que por ventura entrasse em nosso canto?

    Espero que sim, pois eu não.

    Eu nasci em 2000, e a única fase que peguei dos blogs foi seu declínio.  Vi a chegada do Orkut, com suas comunidades divertidas, os jogos com amigos, e o scrapbook, e as mensagens diretas. Depois vi o chegar o Facebook com seus eventos locais, lembretes de aniversários, e os grupos, e os posts de ódio, e as campanhas de desinformação, e os álbuns de fotos dos meus amigos e os anúncios de começo de namoro. E depois veio o Instagram com… bom, com todo esse modelo idólatra de “influenciadores”.

    O que proponho aqui não depende de visibilidade. Nem de usuários ativos, leitores mensais, número de seguidores, taxas de conversão, fluxos de caixa, contentamento de acionistas, fatias de mercado ou quaisquer métricas abstratas e engrenagistas do tipo.

    Isso, o que quer que seja isso, depende apenas de mim, o autor. E talvez dependa de você, leitor, enquanto participante de coração aberto à proposta que faço, de passar por aqui de vez em quando pra ver se alguma baboseira nova foi passada de minha cabeça pra essa página digital. E talvez dependa também de sua iniciativa de tomar decisão parecida – ao seu jeito – de cultivar um ambiente seu: saudável, distante os algoritmos e pertinho do coração daqueles que se lembrarem de você e se interessarem genuinamente pelo que você cria, pelo que você é.

    Acredito que a diferença entre o leitor ser passivo – recebendo na boquinha o seu “conteúdo” – e ativo – indo atrás daquilo que alguém faz – é fundamental para a sociedade delirante e solitária em que vivemos hoje.

    Acredito que devemos deixar de ser perfis publicantes, consumidores passivos e “seguidores”, para voltarmos a ser pessoas criadoras e consumidores ativos, buscando saber dos nossos.

    Você, o leitor agora ativo, pode estar achando presunçoso o que escrevo. E você pode estar certo. Talvez seja mesmo. Talvez seja arrogância pensar que em pleno 2025 alguém vai parar de scrollar um feed de vídeos chamativos para abrir um site e ler o que escrevo. Talvez eu só queira uma saída de um mundo sistemático onde eu pareço não funcionar direito.

    Pode ser que seja problema só meu.
    Talvez seja só eu que demore para responder as mensagens das pessoas mais próximas de mim por estar rolando uma página infinita de postagens 90% das vezes irrelevantes que me esgotam mental e emocionalmente sem eu querer e nem ao menos perceber. Talvez seja só eu que me esqueça de checar os meus amigos pra saber como andam suas vidas, separadas da minha por alguns ou muitos quilômetros, por ter visto uma foto deles de três dias atrás e de certa forma involuntária ter me contentado com isso. Ou talvez, em algum nível, aconteça o mesmo com você. Quer perceba, quer não.

    Talvez você sinta que está mantendo contato com seu amigo por ter encaminhado para ele um vídeo de um cara falando sobre o Romário. Talvez você sinta que está a par da vida de seus amigos porque julga que responder aquele storie, curtir aquela foto deles com a família, o cachorro, a esposa, ou o raio que seja, cria uma conexão entre vocês. Como se seu papel de amigo estivesse feito.

    Por conta de dois cliques que você dá na tela que te mostrou aquela foto – sabendo que você interagiria pra depois, tendo sua atenção, te mostrar aquele anúncio do tênis que você ficou com vontade de comprar depois de uma influencer postar um “outfit check” no espelho retrovisor de um carro que custa uns 15 anos do seu salário – você se sente perto, se sente conectado.

    Mas talvez esse sentir não passe da pele. Talvez esse sentir fique na superfície e seja lavado no primeiro toque de um meme, de um político com o rosto inflado, de uma página de fofoca ou de uma briga de subcelebridades acerca de uma pequena causa hipotética.

    Talvez você – quer saiba, quer não – precise de um momento, um espaço, um fôlego para processar e sentir o que acabou de ver.

    Talvez para que a Internet realmente nos conecte uns com os outros, precisemos de mais esforço. Eu sei, você não quer ter mais esforço. Nem comprometimento. Sai pra lá ter que abrir o navegador e digitar o endereço de um site para ter que LER o que alguém escreveu. Eu sei disso. Eu sei disso porque eu também sinto isso.

    Nos acomodamos com um ou dois aplicativos que agrupam tudo.

    O gol do seu time do coração, a foto do casamento da sua tia, a gossip da sua influenciadora predileta, o anúncio de uma loja de vestidos. A biscoitada da sua amiga recém solteira, o post enlutado do seu amigo que perdeu o pai, o vídeo de um indiano pilotando uma moto deitado, o clipe novo de um artista, o show que seu primo foi ontem, a música que sua ficante está viciada, o anúncio de uma oportunidade de investimento imperdível. O vídeo de uma briga de trânsito em outro estado, a foto da família do amigo que você tem saudade, a formatura de um conhecido, outro anúncio agora de uma outra loja de vestidos. Um lugar lindo pra fazer uma viagem em grupo, uma receita fit fácil e rápida pro dia a dia, seu amigo mostrando como estava o pôr do sol da janela dele, um anúncio de um celular recém lançado. O ciclo continua infinitamente, mas com sorte você já entendeu meu ponto.

    TUDO EM UM SÓ LUGAR, parece bom né?

    Mas você acha que é?

    Pensando, genuinamente pensando, na sua experiência mais íntima. Você acha que é?